Lya Luft – Revista Veja 2431 de 24/06/2015
Em tempos de crise como esta – e crise da “braba”, apenas começando -, a vida parece tornar-se mais real. Belisca, morde, derruba, atira pedras na testa da gente e apunhala o coração. Li por esses dias algo do “Bill Gates” que não deve ser novo, e nem sei se é dele – mas tem o jeito de quem deu um duro danado, persistiu e venceu. Transcrevo e adapto um pouco aqui esses conselhos. “Bill Gates, convidado para paraninfar uma turma de faculdade, teria chegado, subido ao pódio, tirado do bolso um papel que leu em cinco minutos, sendo aplaudido por outros dez (ao menos essa é a lenda).
Eis os conselhos:
Porque gostei tanto dessas frases? Porque as coloco como eixo desta coluna? Primeiro, porque acredito plenamente em tudo isso, porque acho que estamos mais molengas, mais queixosos, mais arrogantes, menos preparados, mais exigentes, como se o mundo, os pais, e todos nos devessem alguma coisa, nos devessem sucesso imediato e vida fácil, enriquecimento sem cansaço, sucesso sem preparo – como se fossemos uns princepezinhos abobados a quem todo mundo deve homenagem. Hoje em dia, princepezinhos bobos homenageados de graça estão fora da moda: todos querem ao menos ter uma faculdade, fazer algo útil e parecer gente normal!
Além disso, eternos adolescentes me cansam muito, gente com mais de 20 anos bancando filhinho de papai e de mamãe, embora tenha capacidade para estudar, trabalhar, engolir sapos como todo mundo, crescer, subir na vida e no emprego – e quem sabe começar a retribuir de alguma forma tudo o que seus pais fizeram por eles desde o primeiro dia do seu mundo. Pode ser apenas sendo gentil, educado, carinhoso, atencioso… de vez em quando.
;também gostei do texto porque me parece muito útil para os próprios pais (e professores – e quem lida com a educação em geral, tão maltratada hoje neste pais): tratar os filhos (ou alunos) como coitadinhos, que não podem sentir em casa ou fora dela nenhuma autoridade ou limites, nem devem ser traumatizados com notas baixas ou reprovação, não ajuda em nada. Ao contrário, forma imaturos, eternos queixosos e injustiçados, que saltam de um curso ou emprego para outro, não em busca de algo melhor, mas porque o chefe fez cara feia. Serão os para sempre despreparados e irresponsáveis, pois nunca lhes foi exigido nada a sério, como recompensa e punição – numa vida muito real.
Na lista que citei faltou uma sugestão adequada a este momento brasileiro – que seria cômico se não fosse trágico. Ela é minha: 10) Você está entre aqueles que sentem que as coisas no Brasil andam esquisitas? Então, da próxima vez, vote direito.