Estamos vivendo um momento muito delicado na política e na economia brasileira e isso reflete diretamente na situação dos municípios. É claro que essas dificuldades não aconteceram de uma hora para outra, são consequências de má administrações e de falta de planejamento ao longo dos anos.
Eu, sinceramente, não sei o que leva uma pessoa a se candidatar ao cargo de prefeito numa situação dessas: status, tradição familiar, compromisso partidário, o salário de prefeito, a falta de conhecimento?
Falta de conhecimento? Sim, falta de conhecimento, até porque, a grande maioria não faz a menor ideia de onde está pisando quando começa a disputa eleitoral.
E os planos de governo? Totalmente incondizentes com a realidade atual, e mais que isso, totalmente inconsistentes.
Na região onde moro das 14 prefeituras que compõe a Associação dos Municípios, pelo menos 11 estão no limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, ou seja, 54% da receita corrente líquida, aquela oriunda dos impostos e taxas, está comprometida com a folha de pagamento, o que dificulta o recebimento de emendas e a celebração de convênios, além de diversas restrições na gestão da folha de pagamentos.
E não é diferente no restante do país.
E o que fazer? Com certeza será muito difícil reverter a situação, mas a solução existe. O que falta é a vontade política, ou quem sabe, ignorância política no que se refere à gestão.
A primeira coisa que precisamos entender é que o gestor público não deve fazer o que o povo quer, e sim o que o povo precisa. É fácil? Não, não é fácil. E, algumas vezes, não dá voto.
Para isso dar certo é necessário estabelecer padrões de comunicação com a população, uma comunicação de duas vias, ouvindo as necessidades das comunidades e relatando as dificuldades e entraves legais para a realização de algumas reivindicações. O gestor inteligente traz o eleitor para governar com ele.
Outra coisa importante é identificar, ainda no período pós-eleitoral, quais as reais dificuldades da prefeitura. Solicitar informações ou até realizar uma auditoria é uma alternativa. É claro que, dependendo da situação, o gestor que está deixando o cargo não terá muito interesse em repassar informações, mas existem recursos legais para isso.
Após identificar o tamanho do rombo, o próximo passo é formar a equipe de governo, com escolhas técnicas, o que vai tornar os quatro anos de gestão mais leves de administrar.
Identificada a situação da administração pública e formada a equipe de secretários e diretores, traçar o planejamento. Cada secretaria deve elencar três objetivos para serem alcançados nos quatro anos, com base no levantamento realizado junto às comunidades. A partir de então, estabelecer metas anuais e até semestrais, para conquistar os objetivos, com um acompanhamento muito rigoroso. Se levarmos em conta as secretarias que não podem ser extintas, em virtude dos fundos municipais, administração, saúde, educação, assistência social e agricultura, ao final do mandato teremos 15 objetivos concretizados.
Não esquecer de envolver e motivar os servidores, pois o trabalho em equipe gera melhores resultados.
No Marketing existem diversas ferramentas que poderão ser muito úteis nesta empreitada: Diagrama de Pareto, Curva ABC, PDCA, 5 S, CRM, Benchmarking, informatização de setores básicos, Marketing Digital, etc., etc., etc..
Vou contar um segredo, é assim que funciona na iniciativa privada. Mas é claro, para funcionar no setor público alguém tem que querer, é preciso muita vontade política.
Se algum gestor quiser conversar a respeito, estou à disposição.